A arte do bom vivant:
Ludibria-se de nada
Pra não esquecer-se de tudo.
Engaiolado, posto a prova
Onde nada existiu
Na trilha do medo
Onde a puta te pariu.
Dímitri Abdalla
A arte do bom vivant:
Ludibria-se de nada
Pra não esquecer-se de tudo.
Engaiolado, posto a prova
Onde nada existiu
Na trilha do medo
Onde a puta te pariu.
Dímitri Abdalla
O Inferno faz lar enquanto distraio-me cavando tumbas
Sepultadas chances em teu caminho, perdidas
Cóleras que levam a teu tesouro...
Passos sobre a carne fria
Um corpo que deseja outro
As máquinas não param
Cerra-te pouco a pouco
Exercícios de ser silencioso
Ansiando vozes
Entre árvores, passeios mudos
Enterram teu passado.
Dímitri Abdalla
Profana Efígie
Mascara as faces
Que a verdade já não sustenta
Alimenta falsos afetos
Procura ensejo, prolifera
Feito mármore empedra
Verdades de sobejo
Não há forma de convivência
Mas publica tua sorte
Teu futuro premeditado conforta teus dias
Grande rede
Fomos pegos!
Ele impera, no reino dos homens
Máquina ou homem?
Confunde...
Dímitri Abdalla
Bunda suja na lagoa imunda
Rios medonhos em bairros nobres
Sonhos feitos, que o diabo amassou
Sua cinza na rua escura
Escondida transpõe tua armadura
Ônibus cheios tem carros vazios
Bancos lotados em centros urbanos
Prazo de validez
A Plasticidade tem sua vez
Em teu fundo cerebral
As Leis do capital monetário
No Depósito fiel de infidelidades
Grandes Homens de caráter
E suas Ondas descartáveis
Dímitri Abdalla
De súbito subamos
Há mais doces entre as estrelas
Naqueles olhos noturnos
Deitados sobre a luz da lua
Sempre uma surpresa insana
Teu convite não me engana
A respeito da noite na matéria em repouso
Ao longe via refletido n’água
Desembaraçada livre e nua
Nova e branca passeava pela rua
Em grande sonho
Como amigo afim
Presente, com grande liberdade
Nossa diversa realidade
Fez-se distante, em um aventureiro errante.
Dímitri Abdalla
A percepção do mendigo
Na margem não fala
O olhar distante comunica
Torna-se comum
A indiferença alheia
Estrangeira a tudo
Vive da falta
No avesso da cultura
Estranho livre
Desconhecido sem nome
Compelido à solidão
Sem escolha sobrevive.
Dímitri Abdalla
Sortidas, a sua escolha.
Bastam as formas
Convenções sociais para lhe confortar
Previsões sobre o futuro
Afetam os afetos
Congelam a espreita do sol
Haverá sol no porvir?
Quem livre for, verá!
Dímitri Abdalla